Uma vez na semana temos os jogos em sala de aula
O
JOGO DE PALAVRAS E O ENSINAR A PENSAR
Existe
a possibilidade de se ministrar um tema de História ou Geografia, Matemática ou
Ciências, Língua Inglesa ou Portuguesa sem ficar à frente da classe expondo e,
dessa forma, impondo a monotonia e o cansaço. Pode esse tema, posteriormente
avaliado, garantir maior compreensão e lucidez por parte dos alunos, que se
ministrado através de aula expositiva? É possível na regência dessa aula,
conquistar a certeza de que sua apresentação não suscitará indisciplina,
desinteresse e apatia? Pode esse tema garantir ao professor menos dispêndio de
energia que o imposto por aula tradicional?
A resposta a essa pergunta é afirmativa e, ainda de
quebra, a ela outras conquistas positivas se agregará. Será possível com esse
trabalho alcançar não apenas as disciplinas acima relacionadas como outra
qualquer, poderá esse trabalho, devidamente adaptado, ser executado em qualquer
série ou nível de escolaridade e, bem mais que apenas uma compreensão literal
do que se expõe, será possível trabalhar-se simultaneamente o texto e contexto,
desenvolvendo do raciocínio lógico e levando os alunos a uma aprendizagem
significativa e exploração de habilidades operatórias mais amplas que as
provocadas por simples explanação. No desempenho desse trabalho o professor
poderá estar se aproximando dos sonhos de Piaget, ao levar o aluno não a
conquistar um conhecimento interiorizando-o de fora para dentro, mas
construindo-o interiormente em um processo de assimilação, tornando o
apreendido compatível com as estruturas mentais do aprendente e, dessa forma,
específico para cada um. E tudo isso apenas com a coragem em se substituir uma
tradicional exposição por um envolvente e motivador Jogo de Palavras.
Mas,como fazê-lo?
Em
primeiro lugar garantindo que os alunos tenham “alguma ideia” sobre o tema,
conquistada através de uma leitura ou de outro processo de informação. Em
segundo lugar, organizando os alunos em duplas, trios ou quartetos e, dessa
forma, fazendo-os falar e, por falar estimular as estruturas mentais do pensar;
por último organizando, com critério e acuidade, uma, duas ou três sentenças
sobre o assunto escolhido. Após a seleção dessas questões, extremamente
pertinentes e significativas em relação à essência e objetivos do texto,
fragmentá-las separando cada uma das palavras e escrevendo cada palavra em um
pequeno quadrado de papel. Mais fácil é quadricular-se uma folha antes,
escrever as palavras em cada dos quadrados e somente depois cortá-la. Esse
emaranhado de palavras, amontoadas ao acaso e unidas fora de ordem compõe o
recurso material do “jogo de palavras”.
Com tantas cópias desse material quantas duplas,
trios ou grupos se contar em classe, basta entregá-la aos alunos destacando que
sua tarefa, à imagem de quem monta quebra-cabeças, será tentar ordenar as
frases, emprestando-lhe sentido lógico. Algo, por exemplo, similar que afirmar
“É construção coisa não que de, mas fora processo o interativo de um
conhecimento vem interior” e que ordenado expressaria “O conhecimento não é uma
coisa que vem de fora, mas processo interativo de construção interior”.
Ao
se envolverem no desafio que essa atividade abriga, os alunos encontrariam
motivação por ver substituída sua postura passiva de ouvinte por ação solidaria
de jogador; motivados, não se desviariam da tarefa e, portanto, estariam
interessados e disciplinados, o professor economizaria energia, pois estaria
substituindo tradicional discurso, por ajuda interativa e, essa aula, levaria o
aluno a falar, trocar ideias, buscar esquemas de solução e por essas vias
pensar, usando habilidades que envolveriam análise e síntese, comparação e
classificação, dedução e contextualização. Ao invés de se colocarem de forma
passiva diante de um texto, estariam exercitando esquemas de assimilação em
atividade pura diante do objeto da aprendizagem, simbolizado pelo texto
fragmentado, ao qual buscariam uma estrutura lógica. Nessa atividade o
professor transformou texto em contexto, colocou em ação mecanismos de uso dos
hemisférios cerebrais direito e esquerdo e, levando a seus alunos jogo
desafiador e atraente, através do mesmo ensinou que o novo conhecimento não se
sobrepõe aos conhecimentos anteriores, mas a eles se compõe modificando-o.
Apenas uma questão este desafio é incapaz de
responder: Se é assim tão simples descobrir estratégias de ensino motivadoras e
capazes de construir significativa aprendizagem, porque permanece tão intocável
e imbatível o império da aula apenas expositiva onde se trabalha o conhecimento
como “coisa” que vem de fora, como informação com a qual se entulham e
desrespeitam cérebros, eventualmente adestrando-os, jamais estimulando
atividades concretas e abstratas com o objeto da aprendizagem?
http://www.celsoantunes.com.br/o-jogo-de-palavras-e-o-ensinar-a-pensar/
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