Muitos dos problemas na relação entre pais e filhos se devem à falhas na comunicação. Em muitos momentos os pais não compreendem e se preocupam com algumas atitudes dos filhos. Nesta situação, o diálogo é um caminho fundamental para que exista maior participação e integração com os filhos.Existem porém várias formas de diálogo e os pais devem estar atentos a isso. Muitas vezes inclusive o silêncio é uma forma de expressão que deve ser respeitada e compreendida, e em outros momentos longos papos que revelem idéias e emoções podem fluir naturalmente. Comunicar implica em saber ouvir, perceber e compreender as varias maneiras de expressão de uma pessoa, que revelam suas emoções, idéias, vontades etc. assim como tentar ser percebido e compreendido em nossa forma de expressão. As crianças pequenas por exemplo, tem seu universo particular de comunicação. Não poderíamos esperar que uma criança de cinco anos conversasse transmitindo organização e maturidade de pensamentos com alguém de 35 anos. Assim sendo para conseguirmos nos comunicar de forma saudável com uma criança é preciso entrar em seu universo infantil. Um dos principais problemas que dificultam a comunicação é o receio de não ser compreendido. Experiências passadas em que não fomos bem recebidos e aceitos podem causar certa ”magoa” ou deixar como sequela uma angústia interna que impedirá posteriormente de nos manifestarmos livremente com receio de sofrer uma situação semelhante de humilhação e sofrimento. Esse problema não emerge inicialmente nos filhos que ainda tem poucas experiências de vida, mas sim corre frequentemente com os pais, ou seja, muitas vezes a dificuldade de se expressar encontra-se primeiramente nos pais, que devem superá-la para estabelecer nova dinâmica de relacionamento com seu filho.Pais que são demasiado rígidos, não toleram erros, e só aceitam comportamentos preestabelecidos para os filhos, agindo com repressão, desvalorização ou desinteresse com o que a criança manifesta espontaneamente, estão sem duvida interrompendo o fluxo espontâneo de comunicação entre eles e ainda podem afetar a auto- confiança nas realizações e a capacidade de expressão dos filhos. A comunicação familiar é fundamental para que os filhos desenvolvam a habilidade de comunicação futura em outras situações como na profissão ou nas relações afetivas e sociais. É também importante para a própria saúde emocional dos familiares que convivem juntos e passam por tantos momentos particulares, que acabam afetando a dinâmica interna do lar. É através da comunicação que os sentimentos e opiniões podem fluir livremente, propiciando um relacionamento mais intimo e verdadeiro.
ALGUMAS DICAS
- Mostre interesse sobre os assuntos diários de seus filhos- Não demonstre qualquer julgamento que possam desvalorizá-los, ao contrario, elogie o que considerar positivo- Não espere que seus filhos tenham comportamentos, pensamentos ou vontades que sejam iguais aos seus, apenas atente pelo que não for saudável e respeite o que forem as escolhas que os deixem felizes. - Respeite a privacidade e compartilhem suas opções e realizações
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
25 de junho de 2015
Inquietação que não passa jamais, excessiva dificuldade de prestar atenção em aula, facilidade em distrair-se e ficar disperso diante de uma explicação ou mesmo um programa que assiste. Nenhuma paciência para estudar, vontade indômita de fazer diversas coisas ao mesmo tempo e dificuldade em terminá-las, são características de temperamento que escondem o diagnóstico cada vez mais comum do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, um distúrbio neurocomportamental, de origem genética e que acomete cerca de 5,8% da população e diagnosticados principalmente em crianças, perceptíveis a partir dos cinco anos, mas geralmente observado quando começam a frequentar os primeiros anos do Ensino Fundamental. Na infância é mal que acomete bem mais os meninos que as meninas, mas na adolescência a prevalência alcança dois meninos para uma menina.
O seu diagnóstico é clínico, realizado através de uma entrevista (anamnese) através do qual o especialista chega a uma conclusão, sem a possibilidade de aferição por qualquer outro exame complementar como exame de sangue, de imagem ou encefalograma, chegando-se a uma conclusão que, segundo a Publicação Oficial Norte Americana (DSM) pode abrigar três casos: Desatento, Hiperativo Impulsivo e Misto.
A partir dessa análise preliminar e das características do caso o especialista pode solicitar outros testes ou exames clinico neurológicos ou psicodiagnósticos, como avaliação cognitiva, neuropsicológica, comportamental e emocional. Em algumas situações o paciente não consegue manter a concentração por muito tempo e até mesmo em uma entrevista comum é capaz de perder o fio da meada. Em casos de hiperatividade, ocorre o aumento da atividade motora, acompanhada de inquietação. Em crianças percebe-se que raramente conseguem ficar sentadas e, se obrigadas, se reviram o tempo todo, bate com os pés, mexe com as mãos, e muitas vezes, exaustos acabam adormecendo. O tratamento deve ser através de uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas as pessoas acometidas. Apesar do transtorno não afetar a inteligência e a capacidade de cognição a criança ou o adolescente acometido pode repetir o ano, ser vítima de Bullying e ficar com a sua autoestima baixa face da sequência de derrotas.
Crônica postada no Blog do Escritor Celso Antunes.Ela foi um presente em ocasião de meu aniversário em 2010.(Obrigada meu grande Amigo)
UMA CERTA PROFESSORA VILMA
19 de março de 2015
Vilma é professora extremamente dedicada, mas não era a única educadora com essa qualidade inefável. Vilma amava seus alunos e não os via senão imprescindível complemento de sua família, de seus sonhos e de suas esperanças. Nessa particular, Vilma era absolutamente maravilhosa, mas não era única nessa prerrogativa. Vilma sempre foi profissional completa, assídua, caprichosa, ilimitada no atendimento dos princípios éticos e do cumprimento de seu dever. Mas, ainda que sejam qualidades raras, não era a única que as apresentava na escola pública em que trabalhava. Uma coisa, entretanto, fazia de Vilma uma professora incomum e original.
Vilma, com estudo e criatividade, soube fazer das letras de seu nome as iniciais de cinco itens que jamais admitia estar ausente de suas aulas, que nunca podia aceitar que seus alunos não aprendessem e praticassem na vida que vivia, os fundamentos desse acróstico. Nesse particular, Vilma soube fazer única, pois onde quer que ensine ou onde quer que estude, jamais esquecia de:
V – Visão Sistêmica, isto é, a percepção para sempre enxergar o todo, para jamais isolar causa de conseqüência, ato de intenção, ação da emoção. Para Vilma não existia um texto sem contexto, jamais mostrava um tema aos seus alunos sem vinculá-lo às suas vidas, seus anseios e seu entorno.
I – Iniciativa. Vilma não se conformava com a mesmice e nem se deixava engolir pela repetitividade. Buscava sempre novas maneiras de ensinar, pesquisava com paixão outras formas de ministrar aulas e quando descobria que alguns alunos não aprendiam, tratava de criar esquemas e veredas para que caminhassem com os demais os caminhos do saber significativo.
L – Leitura. A professora Vilma sabia que sem ela não se cresce e, por isso, fez leitora contumaz e jamais aceitava que um aluno seu pudesse não assumir a plenitude do encantamento pelo que lia. Contava historias, narrava aventuras, analisava jornais, ensina-os a perceber a linguagem dos panfletos e, com persistência, mostrava a todos – até a quem não era seu aluno – que ser leitor é ser viajante, é descobrir mundo e construir sonhos.
M – A Matemática para a professora Vilma era muito mais que uma disciplina curricular. Não ensina seus alunos para que fizessem contas, fazendo de conta que não descobriam os números na vida e no ambiente. Era por essa razão que seus alunos aprendiam Matemática para fazer compras, calcular espaços, medir distâncias, identificar grandezas e sentir que os números eram amigos verdadeiros que ajudavam melhor viver.
A – Mas, a professora Vilma sabia que o acróstico com os valores de seu ensinar, somente poderiam representar referência e caminho quando seus alunos pudessem ser criteriosamente avaliados. Por essa razão, a letra final de seu nome, destacava uma avaliação significativa onde jamais se comparava aluno com outro aluno, mas se fazia do progresso de cada um uma passagem para sua auto-estima e sua plena autonomia.
A crônica não fala, mas os que em sua linda cidade conhecem Vilma, andam fofocando que vai aproveitar as férias de fim de ano para com as letras de seu sobrenome, mas idéias agregar as suas aulas.
Isto é, imaginar uma escola em que nas salas de aula não existam carteiras, apenas mesas para cinco ou seis pessoas e cadeiras. Mas, se isso surpreende não é apenas isso que surpreende.
Nessa impensável escola não se organiza provas individuais para os alunos, as turmas não são padronizadas por faixa etária e, assim, dos mesmos grupos de estudos participam alunos de níveis de escolaridade diferentes. Continue a imaginar o inimaginável e descubra que é escola onde não existe o menor risco de bullying, seu currículo não está ordenado em folhas de papel impressas, mas nas notícias que se encontra e nos desafios que são propostos. Os conteúdos discutidos não são para serem memorizados, mas para se transformarem em análises, sínteses, comparações e argumentos e tudo quanto de aprende se relaciona à vida e ao ambiente. Dessa maneira, a Língua Portuguesa é ferramenta para conversar, debater, perceber o outro em si e se fazer a leitura do mundo, a Geografia se descobre nos caminhos que se percorre e nas jornadas que em consenso se aprova, o hoje é espelho histórico para refletir o ontem, enquanto que a matemática abre-se a leitura do espaço e de suas formas e as Ciências lá existem para serem experimentadas em cada passo, todos os dias.
Mas, se esse impensável pensamento divaga pela porção de coisas que essa escola não tem, cabe destacar o que a faz ser como é. É que na mesma os alunos são avaliados todos os dias e por todos e são orientados a sempre se auto avaliarem e esta avaliação envolve conceitos que se aprende e se usa, mas também valores, atitudes e procedimentos que se, depressa, transforma o aprender em fazer. Uma escola que pelos caminhos da afetividade ensina a compartilhar e a conviver e cujos projetos que norteiam os caminhos do saber são sempre discutidos em assembleias em que alunos e pais, professores e gestores olham o agora para projetar o amanhã. Os professores estão sempre circulando entre os grupos e se não levam respostas, esforçam-se para multiplicarem interrogações que estimulam o pensamento e sugerem descobertas.
É evidente que essas escolas inimagináveis possuem limites e, assim, não abrigam mais de 30 alunos por turmas, circunstância impensável anos atrás quando as taxas de natalidade eram muito altas e crianças sem escolas comuns em toda parte. Outro limite inegável nessas escolas é o esforço para tornar vivos em cada dia e para cada grupo o ensinar a aprender, pois quem isso aprende pela vida inteira continua apreendendo, o aprender a conviver e se relacionar uma vez que o mundo das profissões e da felicidade não abre espaço para a solidão, o jeito gostoso de materializar o aprender pelo exercício do fazer e, sobretudo, perceber que na descoberta de si mesmo e de cada um em seus sentimentos se esconde a surpresa da paz e a grandeza da felicidade, inspirações para um projeto de vida.
Imagine, agora, que o pensável é pragmatismo e que essas escolas não são utopias.
Menos de 180 em todo país, apenas 48 apenas no Estado de São Paulo. Isto é verdade. Quase nada no colossal universo das escolas públicas do Brasil, mas estrelas que pelo seu brilho e resultado, depressa, inspiração constelações. Não parece necessário pensar que educação do século XXI existe apenas em países que efetivamente lá chegaram.